quinta-feira, 16 de abril de 2009

O Chamado

Do útero vazio, fez-se a semente do maior amor do mundo, que brotou assim que o menino nasceu. O choro soou em aviso, e o maior amor do mundo tomou de assalto a existência, afogando o mistério daquela mulher. Mais uma Atlantis para sempre perdida, nasceu a mãe de um menino.

Do mal, a cura: a mãe se embriaga de amor. Amor fértil, de não caber em si, transbordou o seio em leite, a dormir toda uma constelação. Amor zeloso, poupa a cria de toda incoerência e mantém o grão coeso, num útero sonhado de ilusões, onde a mãe se esconde. Amor egoísta.

Lá de longe, de um infinito, ouve-se o eco manso de um lamento. É doce e sedutora a voz que vem do esquecimento. Da cidade submersa, a mulher nina o sono do menino. Ai de mim, ai de nós, meu amor. Vai sem mim, deixa em paz, por favor.

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