segunda-feira, 13 de abril de 2009

O cínico

O cínico não está de um lado, não está do outro, tampouco em cima do muro. Assiste a História trepado no limoeiro e fica lá, azedo. Não pode ser chamado de covarde, porque mesmo os covardes têm a escolha de guerrear, e o cínico não se dá opções. Para sempre seguro, no conforto da sua torre de desdém, não se perde nem se acha, não se contamina do mundo, nem se cura dele. Que tipo de coisa é o cínico, que não está morto, nem vivo? Com a maior cara de cu ele chupa limão e sorri, clínico, descrente do sorriso.

A gente precisa de veias cheias e raízes fortes, apaixonadas, mesmo que pela destruição. Pulsar, crescer aqui dentro e romper o asfalto. Acabar com as linhas retas, desalinhar pudores. Dos cínicos nada nascerá. Estão encubados no mundo estéril e asséptico dos muros cinzas. Não tomam partido nem se comprometem com nada, ficam no corredor atrapalhando a passagem.

Vão pra merda, seus cínicos!

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