quinta-feira, 25 de junho de 2009

Tempo rei

Quando eu era garoto, brincava com a vídeo-filmadora do meu pai. Virava a tarde editando as imagens coletadas na câmera para uma fita no vídeo-cassete. Daí colocava a fita editada na filmadora e juntava a montagem final com a trilha sonora, repassadas a uma terceira fita. E assim fazia meus vídeo-clipes.

Perdi todos, menos um, que fiz para um festival do colégio. Fase de auto-aceitação, trabalhada quase diariamente no doutor Cícero. Tenho carinho por ele, me apresentou Buñuel, e a análise funcionou muito bem. Tanto que depois, no último ano colegial, larguei o divã e pintei o cabelo de vermelho. A série ficou furiosa. A juventude é cruel e as diferenças temidas. Mas não retornei ao consultório e só voltei ao castanho quando o vermelho virou laranja.

Venci o festival. Vencemos, pois houve um empate: dois ganhadores. E ninguém perdeu, já que só havia dois vídeos inscritos. O juri eram a Laís Bodansky e o marido. Me premiaram com a soma de uns duzentos reais, que eu devo ter gasto em cinema, baseado e cigarro. E comprei um álbum dos Cranberries para o Maurício.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Vertigem

O fim é o começo

Meu menino querido, para sempre perdido, está a caminho de casa. Tenho certeza pois não há dúvida agora. E certezas eu só tinha enquanto menino. Minha alma sorri materna à espera do filho, costurando o silêncio em alegria incontida.

Celebro calado esse retorno, solene, em respeito à toda dor e destruição que seu sumiço causou, mas que com a volta ganham sentido. Foi uma longa jornada e nada foi em vão. Meus olhos se voltam ao centro da alma e aguardam a entrada. Sem ansiedade.

Lá no centro já desponta o brilho, que vem do lugar onde eu me esqueci. É ele que se aproxima. Sua aura emana toda sabedoria que nas escolas desaprendi e um novo tempo se anuncia. Um homem nascerá de nosso encontro.