sábado, 11 de abril de 2009

Elevação

Na minha cidade não há estrelas, mas quem liga para o céu quando se tem a tela? Que nos tira daqui de dentro, ou daqui de fora, e nos leva em fuga a nenhum lugar, onde a gente constrói as coisas mais belas. Procuramos sentido e remédio para nossa frágil condição, ser humano nunca há de ser o bastante, nem as perguntas, nem as respostas.

Então ela aparece e seu brilho nos chama com certa urgência. Quem sobrevive à tela volta ao mundo para o legítimo encanto. Fugir de quê, para onde, se coesa ela garante, tudo está em seu devido lugar. Que outra beleza a ser descoberta, que não ela, cheia e soberana, nua como se pela primeira e última vez? Cessemos a busca, o sentido está lá, suspenso sobre os prédios, incógnito num círculo perfeito. A gente não quer mais nada além do aqui e agora contemplado, em hipnose que nos esvazia de pensamentos.

Céu e nuvens agora existem. Serena, aponta o infinito, preenchido dela e de nossa dissolução. Está tudo certo, o todo. Não há medo ou doença, ódio ou frustração. Nem amor, não há, pois não se vê mais fim em qualquer forma de consciência. A lua é. Somos junto com ela. E basta.

Um comentário:

  1. lua lua lua lua...
    por um momento meu canto contigo compactua...

    vc escreve bonito, hein minino!

    beijus

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