terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Personificações

De uns tempos pra cá ele menciona o vento. Antes como ameaça, e então com certa ternura. E eu invento que estou lá, abstrato, no meio confuso dos seus sentimentos. Não seria divertida a história? Para o azar da mulher prêmio, dois cavalheiros se apaixonam em duelo. Coitada, tão vaidosa. Eu e ele, um encontro improvável a depender do bom senso dos homens. Mas não para o vento. Improvável seria nele não nos encontrarmos, que tudo toca e varre todo lugar. E se o que há de concreto não lhe serve de freio, que poderes tem as limitações do pensamento? Não há reservas na corrente de ar que nos liga. Daqui ao castelo ele não tem pressa, mas vai ligeiro, de encontro aos teus muros. Então perde a força. Chega brisa na janela e toca tua face, com a mesma boca que me roubou um beijo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário