domingo, 24 de abril de 2011

Miragem

Sonho contigo e miro teu rosto. Você desaparece e ressurge distante, então está aqui e sorri num flerte. Comenta sobre a aridez do clima e fala da guerra, mas estou mais interessado em saber do gosto que você tem. Se eu mordesse teus lábios, seriam mais tesos ou macios? E as texturas das maçãs, nuca, pescoço, o volume de ar a cada expiração. Se teu olhar fosse despido, em que profundidade estaria translúcido?

É fim de tarde e você está ainda mais ruivo. Os botões abertos convidam aos mamilos e eu imagino as cores e temperaturas da tua nudez. Na luz fria da noite, na cegueira do sol do meio-dia, os desenhos que ela imprime no espaço. Os pêlos, cheiros e a vontade de te morder por inteiro, sentir a consistência. Mas até nos meus sonhos você está vestido, protegido de toda destruição.

Encontrados num oásis, até onde se perderia ao meu lado? Solidão, saliva e suor partilhados. E a sede vingada, sorrisos e sussurros. Nu, como dança em combate? Penso em teu rosto na hora do gozo, nos sons que ecoam da tua des-tensão. E depois? Será que sente preguiça ou logo veste as armaduras? À toa na sombra de nossa suspensão, que histórias contaria a passar o tempo, sob o ruído da areia escorrendo lá fora?

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